Eu jamais vou poder dizer “eu era feliz e não sabia”, porque
eu era feliz sim, mas sabia disso. Sabia que era feliz como jamais havia sido
antes. Só não sabia se seria mais feliz tomando a decisão que tomei ou mantendo
as coisas como estavam.
E eu volto pra casa arrependida, achando que devia ter feito
alguma coisa, sabendo que deveria ter parado, falado algo, tê-lo abraçado; não
sei, qualquer coisa. Mas também sabendo que, mesmo que o visse de novo, eu não
conseguiria me mover mais do que o suficiente pra esboçar um sorriso amarelo.
Eu fico em choque, paralisada, nervosa. Hiperventilo, tremo, sinto que me vou
desligar e cair. Queria ter forças e coragem pra fazer alguma coisa, mas não
consigo. Parece que tenho meus 13 anos de novo, quando eu sentia minhas pernas
bambearem de paixão quando o encontrava na rua. Quando eu movia montanhas para
tentar conquistá-lo. Com a diferença de que, hoje, você já me ama. E com a
diferença de que, hoje, você mal chega perto de mim. E dói não ter mais o
melhor abraço do mundo. Se eu pudesse trocar tudo que tenho e tive na minha
vida inteira por duas coisas à minha escolha, eu trocaria tudo por um abraço
seu, e uma conversa. Ou uma conversa no seu colo. Ou uma conversa abraçada com
você.
Se hoje eu tivesse a oportunidade de voltar atrás, eu não
sei se agiria da mesma forma. Sei que muita coisa mudou; nós mudamos com tudo o
que aconteceu. Sei que, se voltássemos, tudo seria infinitas vezes melhor do
que já foi algum dia, porque isso nos mudou. Nos fez crescer e aprender muita
coisa. Mas, ainda assim, acho que não tomaria a mesma decisão. Sei que não foi
tempo perdido, mas a cada dia sinto que tenho menos um dia. Me sinto
desperdiçando um tempo em que poderíamos estar felizes, juntos. Se tiver sido
mesmo um fim; se nunca mais tivermos uma história, eu vou me arrepender a cada
dia que me restar na vida. Posso até ser feliz, alcançar a maioria dos meus
objetivos, encontrar um outro alguém que eu ame. Mas eu vou sempre sentir um
vazio. Um arrependimento, um desespero, uma nostalgia. Uma sensação de que eu
tinha tudo nas mãos pra ser feliz e joguei pro alto pra desfrutar de um prazer
momentâneo.
Porque sim, é isso que me afoga o coração: eu troquei o amor
de uma vida inteira por uma vontade efêmera. E eu vou sentir a dor da
conseqüência enquanto esse amor durar.