Isso é sobre você
Não posso mais ficar com você. E mesmo
que eu sequer saiba se você ainda gostaria de ficar comigo, me sinto devendo-lhe
algum tipo de explicação. Eu voltei com ele. Não é uma escolha de que me
orgulho, até porque não foi uma escolha que eu fiz. Eu realmente não tinha
opções. Ele decidiu me perdoar por aquilo que ainda tenta me convencer de que
fiz, e decidiu que me queria de volta. E decidiu que eu aceitaria de qualquer
maneira. Jogou baixo, realmente se usou de tudo que podia. Não me lembro se cheguei a
explicar em detalhes o que aconteceu da primeira vez em que ficamos juntos e
ele... me traiu. Me prometeu o mundo, me envolveu, me iludiu. E eu? Eu acreditei.
Porque é sempre isso que eu faço, mesmo. Talvez eu tenha fé demais nas pessoas,
mas realmente não sei ser fria, ou má. Eu me doo, me jogo, me entrego, e por
isso perdi o chão quando, em menos de 2 meses, ele decidiu que não sabia lidar
com um namoro tão conturbado. Bom, eu sobrevivi. Essa e muitas outras vezes. Mas nunca ninguém foi
tão mau comigo. Nunca ninguém me feriu tanto, e isso se tornou meu inferno
pessoal. Principalmente cada vez que ele fazia questão de passar com ela por
mim. Qualquer ser humano que me olhe por mais de 15 minutos consegue enxergar
as marcas que isso me deixou, e ele foi covarde o suficiente pra usá-lo a seu
favor. E então, se eu não aceitasse voltar ao namoro... eu viveria, mais uma
vez, o inferno em terra. Sei que não parece ser tão ruim assim, mas só eu
estava ali pra saber a vontade diária que eu tinha de morrer, sumir, sei lá.
Qualquer coisa. Eu não tive escolha; eu não tenho escolha. Acho que prefiro
mesmo sumir a me ver de novo no centro daquele filme de horrores. Eu já voltei
com ele tantas vezes, não seria tão ruim voltar mais uma vez, né? Mas é. Eu me
sinto em pedaços. Estou certa do que quero, ou do que não quero, mas não tenho
controle sobre minha própria vida. De alguma maneira vivo esperando que ele se
canse e me deixe em paz pra viver minha vida sem nenhum tipo de terror
psicológico. Gosto de dormir, a gente não sente nada dormindo. Então é só isso
que tenho feito. E tudo bem, eu acabei por não admitir, mas talvez então eu
tenha mesmo sentimentos por você. E não me pergunte se sou apaixonada por você;
eu também não sei responder. Na verdade, não faço questão também. Acima de
tudo, você é meu amigo, e nesse ponto tudo se mistura pra mim. Não sei até onde
me preocupo e te quero bem por amizade; não sei em que momento passei a te
querer. No fim das contas, nem só você é tão confuso. Você me surpreende sempre,
você sabe. Não consigo entender ou enxergar o que você sente, ou o que sou pra
você, mas a verdade é que parei de perder minhas noites de sono pensando nisso
há um bom tempo; seu mistério faz parte de quem você é. Mas só deus sabe quão
mal me sinto por, talvez, “fechar a porta na sua cara”. Nunca te senti tão
próximo, tão cru, tão desnudo dos seus medos e preocupações. Sei que eles ainda
existem aí, em algum lugar, mas de alguma maneira estavam recuando. E isso só
torna tudo ainda mais difícil pra mim. Tem sido impossível dormir, eu tenho
medo. Talvez você se assuste com alguma linha, ou com muitas delas. Talvez você
finalmente suma e isso seja um adeus. Talvez eu só piore ainda mais todos os
seus medos, ou talvez você nem se importe. Eu realmente não sei o que pensar.
Você é importante pra mim. Independente da maneira. Eu tenho vontade de te
dizer tantas coisas, de te pedir tantas coisas... mas e se eu parecer louca? Na
verdade, acho que já pus tudo a perder nesse texto, então... não se afaste de
mim, nunca, nunca, nunca. Jamais vou deixar de pedir isso. Desde que você
queira, é claro. Não me odeie. Não se feche pra mim; não deixe de me querer, se
é que você quer. Não se assuste. Em algum lugar aí dentro você já sabe de tudo
isso; você me conhece e eu não sei lá muito bem usar máscaras e parecer forte.
A gente sempre quer que o outro se importe, mas não vai me incomodar se você
simplesmente não se importar. Não ligo de parecer louca; realmente prefiro que
você não fique magoado, ou chateado, ou lânguido, ou qualquer coisa de ruim. Te
quero bem. Eu sinto muito, muito, muito mesmo.
Me lembro de tê-lo dito há algum tempo
que não iria desistir de você...
(texto editado)