domingo, 29 de junho de 2014

04 de outubro de 2013

Isso é sobre você





Não posso mais ficar com você. E mesmo que eu sequer saiba se você ainda gostaria de ficar comigo, me sinto devendo-lhe algum tipo de explicação. Eu voltei com ele. Não é uma escolha de que me orgulho, até porque não foi uma escolha que eu fiz. Eu realmente não tinha opções. Ele decidiu me perdoar por aquilo que ainda tenta me convencer de que fiz, e decidiu que me queria de volta. E decidiu que eu aceitaria de qualquer maneira. Jogou baixo, realmente se usou de tudo que podia. Não me lembro se cheguei a explicar em detalhes o que aconteceu da primeira vez em que ficamos juntos e ele... me traiu. Me prometeu o mundo, me envolveu, me iludiu. E eu? Eu acreditei. Porque é sempre isso que eu faço, mesmo. Talvez eu tenha fé demais nas pessoas, mas realmente não sei ser fria, ou má. Eu me doo, me jogo, me entrego, e por isso perdi o chão quando, em menos de 2 meses, ele decidiu que não sabia lidar com um namoro tão conturbado. Bom, eu sobrevivi. Essa e muitas outras vezes. Mas nunca ninguém foi tão mau comigo. Nunca ninguém me feriu tanto, e isso se tornou meu inferno pessoal. Principalmente cada vez que ele fazia questão de passar com ela por mim. Qualquer ser humano que me olhe por mais de 15 minutos consegue enxergar as marcas que isso me deixou, e ele foi covarde o suficiente pra usá-lo a seu favor. E então, se eu não aceitasse voltar ao namoro... eu viveria, mais uma vez, o inferno em terra. Sei que não parece ser tão ruim assim, mas só eu estava ali pra saber a vontade diária que eu tinha de morrer, sumir, sei lá. Qualquer coisa. Eu não tive escolha; eu não tenho escolha. Acho que prefiro mesmo sumir a me ver de novo no centro daquele filme de horrores. Eu já voltei com ele tantas vezes, não seria tão ruim voltar mais uma vez, né? Mas é. Eu me sinto em pedaços. Estou certa do que quero, ou do que não quero, mas não tenho controle sobre minha própria vida. De alguma maneira vivo esperando que ele se canse e me deixe em paz pra viver minha vida sem nenhum tipo de terror psicológico. Gosto de dormir, a gente não sente nada dormindo. Então é só isso que tenho feito. E tudo bem, eu acabei por não admitir, mas talvez então eu tenha mesmo sentimentos por você. E não me pergunte se sou apaixonada por você; eu também não sei responder. Na verdade, não faço questão também. Acima de tudo, você é meu amigo, e nesse ponto tudo se mistura pra mim. Não sei até onde me preocupo e te quero bem por amizade; não sei em que momento passei a te querer. No fim das contas, nem só você é tão confuso. Você me surpreende sempre, você sabe. Não consigo entender ou enxergar o que você sente, ou o que sou pra você, mas a verdade é que parei de perder minhas noites de sono pensando nisso há um bom tempo; seu mistério faz parte de quem você é. Mas só deus sabe quão mal me sinto por, talvez, “fechar a porta na sua cara”. Nunca te senti tão próximo, tão cru, tão desnudo dos seus medos e preocupações. Sei que eles ainda existem aí, em algum lugar, mas de alguma maneira estavam recuando. E isso só torna tudo ainda mais difícil pra mim. Tem sido impossível dormir, eu tenho medo. Talvez você se assuste com alguma linha, ou com muitas delas. Talvez você finalmente suma e isso seja um adeus. Talvez eu só piore ainda mais todos os seus medos, ou talvez você nem se importe. Eu realmente não sei o que pensar. Você é importante pra mim. Independente da maneira. Eu tenho vontade de te dizer tantas coisas, de te pedir tantas coisas... mas e se eu parecer louca? Na verdade, acho que já pus tudo a perder nesse texto, então... não se afaste de mim, nunca, nunca, nunca. Jamais vou deixar de pedir isso. Desde que você queira, é claro. Não me odeie. Não se feche pra mim; não deixe de me querer, se é que você quer. Não se assuste. Em algum lugar aí dentro você já sabe de tudo isso; você me conhece e eu não sei lá muito bem usar máscaras e parecer forte. A gente sempre quer que o outro se importe, mas não vai me incomodar se você simplesmente não se importar. Não ligo de parecer louca; realmente prefiro que você não fique magoado, ou chateado, ou lânguido, ou qualquer coisa de ruim. Te quero bem. Eu sinto muito, muito, muito mesmo.


Me lembro de tê-lo dito há algum tempo que não iria desistir de você...



(texto editado)

terça-feira, 17 de junho de 2014

11 de setembro de 2013

O medo cega os nossos sonhos




Você fala tanto de eu correr atrás de você... E às vezes é isso que eu tenho vontade de fazer mesmo. De te dizer pra largar de ser hipócrita e dar ouvidos ao que você mesmo disse, tantas vezes. Te abraçar e dizer pra confiar em mim, não, eu não vou te machucar. Eu sou tão complicada, mas tão entregue! Tão eu. Te dizer pra enfrentar seus medos e se deixar viver; você não sabe a felicidade que a liberdade pode trazer. Você tem medo do que pode vir, mas o pior que podia acontecer, aconteceu. Existe amor. Você preferia parar de biscatear a me perder; quando foi que tanto medo te dominou? Eu queria dizer tantas coisas; eu poderia dizer tantas coisas, mas já fiz birra demais pra uma pessoa adulta. Há muitos caminhos a seguir, e a escolha é pessoal, às vezes. Porque, das outras vezes, quem tá no controle da sua vida é seu medo de viver, e não você. Se é difícil lidar com as consequências de nossas escolhas, imagina com as consequências de escolhas que não fizemos, verdadeiramente. Vez em quando tenho vontade de te mandar uma porção de músicas; é quase impossível explicar todo o meu coração assim, de uma vez só, numa só frase. E chego a elaborar toda uma lista, quando penso "pra quê?". Não sei me responder. Não sei o que dizer em muitos momentos, me sinto pura confusão. Vejo mais um de tantos ciclos iguais na minha vida se repetindo, e, como de todas as outras vezes, apenas sento e assisto tudo se desenrolar, machucada e sem saber como agir. Tudo que eu queria fazer, sinto que não devo, ou não posso. Quem diria; eu, que sempre fui tão livre, hoje me sinto presa. Eu, que sempre fui tão eu, sinto que ser assim me prejudicou. Me sabotei. Ainda me lembro de que nunca tiramos uma fotografia...

segunda-feira, 9 de junho de 2014

07 de setembro de 2013

Carta para alguém do passado




Talvez você ouça falar de mim nesses próximos dias, por conta do que aconteceu ontem. Foi insano! E sei que você não vai ficar feliz de ouvir o quanto mudei. Uma pena. Tenho muito orgulho do que me tornei, do que tenho feito e de como tenho pensado. Me arrisco a dizer que nunca fui tão feliz! Não sou tão assim tão diferente do que você deve se lembrar, mas as pessoas crescem, você sabe. Tanta coisa inimaginável aconteceu nos últimos anos; me vi em lugares e situações a que nunca achei que fosse chegar. Me tornei, em partes, uma pessoa que eu disse que jamais seria. Mas, de outro lado, hoje sou tudo aquilo que sempre quis ser: sou livre! Terei sempre meus arrependimentos e meus erros, mas hoje eles não passam do alicerce que sustentam a mulher que me tornei. A tristeza não merece espaço na minha vida. Hoje olho pra trás e sinto muito por todos os meus erros, mas aprendi que me culpar por eles não vai mudar o que passou. Então me perdoei, e aprendi a viver bem comigo. Eu sou sensacional! Como nunca tinha me encontrado antes? Eu sou uma ótima companhia pra mim mesma. Penso que talvez seria assustador pra você me conhecer, mais uma vez. Eu era só uma criança, e às vezes acho que levo uma vida tão louca! Mas sabe, eu ainda tenho o mesmo coração bobo de antes, que dispara de te ver na rua. Ainda tenho os mesmos sonhos inocentes de antes; ainda sou só uma menina assustada e sem jeito querendo ser amada e feliz. Eu sou livre pelo meu passado e meu presente, mas ainda temo pelo futuro. Todas as certezas que eu um dia tive se esvaíram, mas ainda assim não deixa de ser excitante dar cada passo pra frente sem qualquer garantia de que terei onde pisar. Acho que valeu a pena, afinal. Abri mão da nossa vida de certezas pra descobrir o meu desconhecido, então, que seja feito. Desperdício seria jogar tudo pro alto e viver esperando que volte às minhas mãos. Porque, pra mim, é tudo uma questão de fé. De timing. De pessoa certa, hora certa, maturidade certa. É só uma questão de aceitar que tudo é exatamente como deve ser. O clichê de que "um dia vamos olhar pra trás e rir muito de tudo isso". E o que eu vou fazer enquanto isso? Tudo que eu quiser. Todas as loucuras em que eu puder pensar. Todos os desejos que nascerem em mim. Todas as curiosidades que me atravessarem a mente por um segundo. A gente só vive uma vez, e meu único objetivo de vida, hoje, é fechar os olhos pela última vez em Terra com a certeza de que me realizei. De que me fiz feliz. Meu único objetivo de vida sou eu mesma. E a paz que se espalha dentro de mim toda vez que me realizo não me deixa acreditar que posso estar errada. Talvez eu tenha descoberto o sentido da vida, afinal. Mas você sabe, eu sou responsável; nunca deixei de ser. Sempre me preocupei em cuidar de mim. Diria até que sou lúcida. Até mesmo meu relacionamento com meus pais não poderia estar melhor. Honestidade traz plenitude. Se eu pudesse voltar no tempo, voltaria aos 14 anos só pra me aplaudir de pé. Um pouco presunçoso, talvez. Mas não se preocupe, você me ajudou muito a crescer! Você é a história mais bonita e mais sincera que eu já tive na vida. Talvez por isso seja tão difícil deixar o vento levar. Ou pelas lembranças. Os ventos, as esquinas são sempre as mesmas. Os cantos escuros das ruas, o muro rabiscado, todas as histórias escritas naquela mesma vila. Volto andando do metrô quase sempre me vendo no uniforme da escola, mais uma vez, torcendo ansiosa pra te ver fazendo o mesmo caminho após o trabalho. E todas as reflexões que faço sobre quem me tornei se projetam em você. E você? Quem é você, hoje? Você ainda come naquele mesmo buffet, no shopping? Ainda compra os mesmos pães de mel? Faz as mesmas promessas secretas, e de repente aparece de cabelo curto? Ainda prefere dirigir pra longe, de noite, pra ficar pensando, disso tenho certeza... Bom falar sobre a vida com você, atual-desconhecido-que-um-dia-foi-toda-a-minha-vida. Deveríamos marcar mais vezes, com uma cerveja, quem sabe. Ou com um daqueles suco de açaí na frutaria. Só não podemos perder contato! Faz bem olhar pra trás e ver o quanto fomos fortes pra chegar até aqui.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Mudanças!


Nunca fui a maior entusiasta de mudanças. Muito pelo contrário; raramente me sinto confortável ao vivê-las. Mas mesmo eu devo admitir que vez em quando elas são saudáveis, nem que seja só cortando dois dedinhos do cabelo.
O blog é minha vida descrita nas palavras mais intrínsecas em que consigo pensar. Então nada mais natural do que repaginá-lo: estou tentando realizar algumas mudanças nessa novela particular que chamo de vida. Mais do que nunca a música está presente nos momentos de maior aflição, como um consolo cantado por alguém que já sentiu as mesmas angústias nas quais me vejo, e por isso decidi publicar uma música acompanhando cada postagem. Mudei as cores, a capa, o fundo; nada muito drástico, afinal, sou resistente a mudanças. O que só mostra que as mudanças na minha vida também foram, no fundo, apenas superficiais. Isso é assunto pras próximas postagens, aliás.
Continuem sempre, sempre mandando críticas, conselhos, opiniões, sugestões e qualquer coisa que me faça saber o que passa na cabecinha de vocês. Afinal, vocês bem sabem o que passa na minha. E obrigada a todos os apaixonados que, como eu, não cansam de falar de sentimentos.

terça-feira, 27 de maio de 2014

30 de agosto de 2013

Em que momento da paixão começa o egoísmo? Depois que se está apaixonado por alguém, quando é que se decide que se quer aquele alguém exclusivamente pra você? É difícil pensar nas coisas dessa maneira, como se houvesse um passo a passo, ou regras pré-estabelecidas a serem seguidas. É claro que os moralistas estão aí de plantão pra jogar tudo na nossa cara: o casamento, a monogamia, o celibato; a infelicidade em geral. Cada um faz sua história, cada um faz suas regras do jogo. A cada nova combinação de duas pessoas, o jogo é novo, raro e único em todo o universo. Talvez seja essa a beleza de tudo, o constante desconhecido. Sequer conhecemos a nós mesmos completamente, como poderíamos achar que já sabemos tudo do outro? É uma eterna surpresa. Eterna angústia, talvez. A decepção, o não-correspondido, sejam sentimentos, sejam expectativas. Em que momento se decide olhar pra outros corpos e não sentir interesse por nenhum deles? E se não for uma escolha? Que seja o destino, ou o acaso, em seu próprio tempo. Mas quando? E se... e se nunca acontecer? E se a eterna surpresa se tornar nada mais que a eterna espera daquele sentimento de unicidade; de ser o sol de alguém? A sensação de ser o centro de gravidade daquela pessoa, como se o mundo dela dependesse de você; não importa quão mais bonitas as outras sejam, seus defeitos o conquistaram. O andar torto, as imperfeições físicas, a preguiça, a ansiedade, a liberdade, a simpatia. Cada uma das peculiaridades que o fizeram levá-la aonde se visse toda a cidade apenas para dizer que a amava, que não deveria ter medo. A crença, ou a fé, sempre foi de que cada ser humano no mundo busca a perfeição. Não por querer ser perfeito, mas para jamais deixar de evoluir. Liberdade, ok. Compreensão, ok. Não ter expectativas, ok. Até mesmo o desapego, ok. Paciência...? Essa daí foge de mim.

domingo, 18 de maio de 2014

22 de agosto de 2013

Há quanto tempo não sentava com um lápis na mão e deixava todos os sentimentos fluírem sobre um papel em branco... há quanto tempo não ignorava tudo, e deixava cada desejo ou perturbação tomar conta de mim, descontrolando ainda mais minha vida desgovernada. Aliás, há quanto tempo eu não fazia muita coisa.

Viver com uma pessoa (ou tentar, pelo menos) é se adequar a ela; se moldar de maneira a fazê-la o mais feliz possível. Mas nem todos se contentam só com isso. Há aqueles que vão demandar sua atenção, paciência, suas noites de sono, suas lágrimas, sua vida, seu sangue. E não para até que você tenha dado tudo. Na verdade, nem assim. Nem quando você perde sua sanidade. Mas eu me sinto presa. É como se eu estivesse acorrentada num poço fundo, e a cada vez que tento escalar e fugir e ser feliz à luz do sol, sinto que a corrente é curta demais; eu nunca posso ir muito longe. E pouco a pouco volto a cair, afundar de novo, cada vez mais. E o desespero nunca é menor só porque já estive lá antes. É cada vez maior e mais intenso. Porque, a cada vez, é uma ferida nova sobre tantas outras que já estiveram abertas. Às vezes tenho vontade de morrer e penso friamente nisso. Soa melhor do que estar presa pra sempre. Já não espero que alguém apareça pra me salvar, não mais. É crueldade achar que deveriam afundar comigo. Me sinto perecendo, diminuindo, murchando. Meu choro sempre foi fácil, mas hoje parece contínuo. Não sinto mais orgulho de mim mesma; quero me esconder de mim. Shame on you, Bianca! Logo você, que já viveu tanta coisa e nunca desistiu, que nunca perdeu a fé e a esperança, que nunca deixou que ditassem sua vida. Aonde eu fui parar? Eu não era assim. Eu me quero de volta.

terça-feira, 13 de maio de 2014

26 de outubro de 2012

De algum modo eu sei o final de tudo isso, se é que um dia vai ter final. Sei que sempre vou estar presa, conectada, por algum motivo completamente desconhecido, a alguém egoísta e instável que nem sempre tem certeza do que quer. Ou tem, mas tenta se enganar. “Quando eu me iludo é quando eu te esqueço”. A música diz por nós muito mais que o refrão bonito.
Paro às vezes pra pensar se não caí no canto da sereia. Fui seduzida, iludida, presa e dragada para um mundo instável de onde não sei bem como sair sem deixar ali um pedaço de mim. Porque eu acredito que você doa uma parte do seu coração a cada pessoa que você ama. E então é impossível desamar alguém, se você o amou de verdade.
Tenho uma certeza triste de que tanto esforço será em vão. É como se minha felicidade não dependesse de mim, não sou mais livre. E tenho medo da dor que tentar me libertar poderia causar. Tenho medo da dor. Sigo sendo de alguém que também é meu, “você privatizou meu corpinho”, só esperando a miraculosa mudança de personalidade que vai permitir um relacionamento saudável, justo e feliz. Ou desmudança, na minha opinião. É triste olhar os olhos de alguém e ver um desconhecido. É triste estar no colo de alguém sentindo a falta daquela mesma pessoa. É estranho demais. E acho que tenho noções sobre a condição humana boas o suficiente pra ter certeza de que ninguém muda assim, de repente. Eu também tenho a minha experiência de vida. Traumas é que provocam mudanças. É utópico demais pra que essa história tenha final. Ainda mais feliz.

Ainda assim, é difícil desprender

domingo, 11 de maio de 2014

27 de agosto de 2012

Sabe deus quanto tempo fiquei lá, sentada, olhando pro nada, esperando o ônibus. Ou esperando uma solução, talvez. Pensar definitivamente não torna nada mais claro, só tortura a gente. Sem pensar, eu sei o que eu faria. Mas e se eu me arrepender depois? 
Nunca fui de racionalizar minhas atitudes e pesar consequências antes de agir, mas hoje parece irresponsabilidade não fazer isso. Deixarei de ser eu mesma agindo com a razão, e não com o coração? Aí eu penso, penso, penso, penso... logo existo? Não, logo dou nó.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

13 de maio de 2012

E, mais uma vez, o chão havia sumido sob meus pés. Ter passado por isso tantas vezes não fez com que fosse nem um pouco mais fácil. Ainda tenho esperança; não há como não tê-la. Mas, honestamente, não sei quais são minhas probabilidades. Quero que o amor fale mais alto, que nossa saudade e vontade de ficarmos juntos prevaleçam. Mas não há nada que eu possa fazer por isso. Dei minhas cartas, chorosas, mas direto da alma, e só posso esperar que dê certo. Sinto saudade do que nem vivi, dos planos que nem chegaram a se concretizar... sinto saudade da presença, do cheiro, do toque, de todo aquele mundo que eu enxergava ao olhar seus olhos. Sinto falta da leveza, da alegria, da felicidade só por estar deitada sob as estrelas ao lado de alguém que quero pra vida inteira. Sinto falta da calma e da segurança, dos planos. Quero realizar todos, todos! Quero uma vela numa pizza, quero uma música cantada a dois, quero estrelas e uma lua cheia. Quero os melhores momentos da minha vida inteira. Quero nossa casa, nossa vida. Quero tudo que merecemos por sermos fortes o suficiente pra ficarmos juntos. Nós somos capazes disso, você sabe que sim, mesmo que tudo pareça ruim agora. Se você olhar bem fundo, vai encontrar a verdade. Que nos damos bem, que nos completamos. Que precisamos um do outro, e nos entendemos porque somos iguais. Eu te amo, e isso precisa fazer diferença. Temos o principal pra sermos felizes. Somos seres humanos, errados por natureza. Só precisamos nos aceitar. É um esforço menor do que tentar aprender a viver sem você.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

03 de maio de 2012

Era o sexto mês do ano. Fazia frio no interior, e o dia seguinte era o 12 de junho. Romantismo aflorado, flores e uma viagem sozinhos para um casebre de madeira num sítio. As preocupações e problemas ficaram na urbanização, e levamos conosco só o que fosse relaxante. Uma canção instrumental rolava solta e paciente enquanto decidíamos o que seria da noite. Seria especial, é claro, simplesmente por estarmos juntos ali. Fondue. Sentamo-nos em frente à lareira, à luz de seu fogo crepitante e de algumas poucas velas. A conversa foi toda feita por olhares e sorrisos. Depois de tanto tempo, palavras não se faziam mais necessárias. Os corações estavam sincronizados. Eu podia olhar seus olhos e enxergar sua alma. Ver toda a verdade que havia ali. Não havia só amor. Havia carinho, afeto, preocupação, cuidado, vontade, desejo. Tudo se misturava naquele beijo, que começou com a calma da música e foi ficando mais intenso à medida que nossas respirações pesavam. Não era errado, não era inadequado. Era quente e intenso, era certo. Era amor. Um olhar de pergunta, um olhar de aprovação, e o frio não existia mais ali. As roupas foram sumindo, devagar. Sempre devagar. Não há porque ser rápido, “quero te curtir o máximo possível”. Entre mim e o chão havia um tapete macio, mas entre eu e ele não havia nada. Só sentimento. Só dois corações e dois corpos que se queriam desesperadamente, hoje, e amanhã, e amanhã, e amanhã... fechei os olhos e o senti. Seu corpo se movia ritmado, ao passo da música. Seus olhos fechados, sua mão na minha, a boca entreaberta numa respiração profunda, e meu corpo em seu abraço. Era perfeito. Eu já não sabia onde eu começava ou ele terminava. Estávamos unidos, estávamos completos. Num suspiro, nossos corpos não eram mais um só. Deitou-se de lado, acarinhou-me e disse que me amava. De repente eu estava em seus braços, como se fosse uma noite de núpcias. “Vem cá, me deixa te levar pro quarto”, seguido de um beijo na testa. Deitou-me na cama vagarosamente, enquanto seu corpo ia também descendo sobre o meu. Eu podia sentir seu cheiro, seu gosto, sua pele quente; eu podia senti-lo dentro de mim. Era amor. Acima de tudo, não era desejo, era amor. Pra quê a pressa? Os corpos se moviam devagar, ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, entre gemidos, declarações e respirações pesadas. Parecia surreal. Estávamos em êxtase. Nirvana. Os corpos desfaleceram, cansados, mas não satisfeitos. Nunca satisfeitos. Mas felizes. Almas em paz. Ali, houve a certeza de que sempre teríamos um ao outro. De que pertencíamos um ao outro, em alma, corpo e coração, ainda que nos estabelecessem uma distância física. Uma noite, e toda uma vida mudou. Um amor, e duas pessoas enfim se sentiram completas. Eram as pessoas certas um para o outro. Dariam a vida um pelo outro. “Esperei por você durante muito tempo pra te deixar ir embora assim.”.
E então eu acordei.