Em que momento da paixão começa o egoísmo? Depois que se está
apaixonado por alguém, quando é que se decide que se quer aquele alguém
exclusivamente pra você? É difícil pensar nas coisas dessa maneira, como se
houvesse um passo a passo, ou regras pré-estabelecidas a serem seguidas. É
claro que os moralistas estão aí de plantão pra jogar tudo na nossa cara: o
casamento, a monogamia, o celibato; a infelicidade em geral. Cada um faz sua
história, cada um faz suas regras do jogo. A cada nova combinação de duas pessoas,
o jogo é novo, raro e único em todo o universo. Talvez seja essa a beleza de
tudo, o constante desconhecido. Sequer conhecemos a nós mesmos completamente,
como poderíamos achar que já sabemos tudo do outro? É uma eterna surpresa.
Eterna angústia, talvez. A decepção, o não-correspondido, sejam sentimentos,
sejam expectativas. Em que momento se decide olhar pra outros corpos e não
sentir interesse por nenhum deles? E se não for uma escolha? Que seja o
destino, ou o acaso, em seu próprio tempo. Mas quando? E se... e se nunca
acontecer? E se a eterna surpresa se tornar nada mais que a eterna espera
daquele sentimento de unicidade; de ser o sol de alguém? A sensação de ser o
centro de gravidade daquela pessoa, como se o mundo dela dependesse de você;
não importa quão mais bonitas as outras sejam, seus defeitos o conquistaram. O
andar torto, as imperfeições físicas, a preguiça, a ansiedade, a liberdade, a
simpatia. Cada uma das peculiaridades que o fizeram levá-la aonde se visse toda
a cidade apenas para dizer que a amava, que não deveria ter medo. A crença, ou
a fé, sempre foi de que cada ser humano no mundo busca a perfeição. Não por
querer ser perfeito, mas para jamais deixar de evoluir. Liberdade, ok.
Compreensão, ok. Não ter expectativas, ok. Até mesmo o desapego, ok.
Paciência...? Essa daí foge de mim.
terça-feira, 27 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
22 de agosto de 2013
Há quanto tempo não sentava com um lápis na mão e deixava
todos os sentimentos fluírem sobre um papel em branco... há quanto tempo não
ignorava tudo, e deixava cada desejo ou perturbação tomar conta de mim,
descontrolando ainda mais minha vida desgovernada. Aliás, há quanto tempo eu
não fazia muita coisa.
Viver com uma pessoa (ou tentar, pelo menos) é se adequar a
ela; se moldar de maneira a fazê-la o mais feliz possível. Mas nem todos se
contentam só com isso. Há aqueles que vão demandar sua atenção, paciência, suas
noites de sono, suas lágrimas, sua vida, seu sangue. E não para até que você
tenha dado tudo. Na verdade, nem assim. Nem quando você perde sua sanidade. Mas
eu me sinto presa. É como se eu estivesse acorrentada num poço fundo, e a cada
vez que tento escalar e fugir e ser feliz à luz do sol, sinto que a corrente é
curta demais; eu nunca posso ir muito longe. E pouco a pouco volto a cair,
afundar de novo, cada vez mais. E o desespero nunca é menor só porque já estive
lá antes. É cada vez maior e mais intenso. Porque, a cada vez, é uma ferida
nova sobre tantas outras que já estiveram abertas. Às vezes tenho vontade de
morrer e penso friamente nisso. Soa melhor do que estar presa pra sempre. Já
não espero que alguém apareça pra me salvar, não mais. É crueldade achar que
deveriam afundar comigo. Me sinto perecendo, diminuindo, murchando. Meu choro
sempre foi fácil, mas hoje parece contínuo. Não sinto mais orgulho de mim
mesma; quero me esconder de mim. Shame on you, Bianca! Logo você, que já viveu
tanta coisa e nunca desistiu, que nunca perdeu a fé e a esperança, que nunca
deixou que ditassem sua vida. Aonde eu fui parar? Eu não era assim. Eu me quero
de volta.
terça-feira, 13 de maio de 2014
26 de outubro de 2012
De algum modo eu sei o final de tudo isso, se é que um dia vai ter
final. Sei que sempre vou estar presa, conectada, por algum motivo
completamente desconhecido, a alguém egoísta e instável que nem sempre tem
certeza do que quer. Ou tem, mas tenta se enganar. “Quando eu me iludo é quando
eu te esqueço”. A música diz por nós muito mais que o refrão bonito.
Paro às vezes pra pensar se não caí no canto da sereia.
Fui seduzida, iludida, presa e dragada para um mundo instável de onde não sei
bem como sair sem deixar ali um pedaço de mim. Porque eu acredito que você doa
uma parte do seu coração a cada pessoa que você ama. E então é impossível
desamar alguém, se você o amou de verdade.
Tenho uma certeza triste de que tanto esforço será em vão.
É como se minha felicidade não dependesse de mim, não sou mais livre. E tenho
medo da dor que tentar me libertar poderia causar. Tenho medo da dor. Sigo
sendo de alguém que também é meu, “você privatizou meu corpinho”, só esperando
a miraculosa mudança de personalidade que vai permitir um relacionamento
saudável, justo e feliz. Ou desmudança, na minha opinião. É triste olhar os
olhos de alguém e ver um desconhecido. É triste estar no colo de alguém
sentindo a falta daquela mesma pessoa. É estranho demais. E acho que tenho noções
sobre a condição humana boas o suficiente pra ter certeza de que ninguém muda
assim, de repente. Eu também tenho a minha experiência de vida. Traumas é que
provocam mudanças. É utópico demais pra que essa história tenha final. Ainda
mais feliz.
Ainda assim, é difícil desprender
domingo, 11 de maio de 2014
27 de agosto de 2012
Sabe deus quanto tempo fiquei lá, sentada, olhando pro
nada, esperando o ônibus. Ou esperando uma solução, talvez. Pensar
definitivamente não torna nada mais claro, só tortura a gente. Sem pensar, eu
sei o que eu faria. Mas e se eu me arrepender depois?
Nunca fui de racionalizar minhas atitudes e pesar consequências antes de agir, mas hoje parece irresponsabilidade não fazer isso. Deixarei de ser eu mesma agindo com a razão, e não com o coração? Aí eu penso, penso, penso, penso... logo existo? Não, logo dou nó.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
13 de maio de 2012
E, mais uma vez, o chão havia sumido sob meus pés. Ter
passado por isso tantas vezes não fez com que fosse nem um pouco mais fácil.
Ainda tenho esperança; não há como não tê-la. Mas, honestamente, não sei quais
são minhas probabilidades. Quero que o amor fale mais alto, que nossa saudade e
vontade de ficarmos juntos prevaleçam. Mas não há nada que eu possa fazer por
isso. Dei minhas cartas, chorosas, mas direto da alma, e só posso esperar que
dê certo. Sinto saudade do que nem vivi, dos planos que nem chegaram a se
concretizar... sinto saudade da presença, do cheiro, do toque, de todo aquele
mundo que eu enxergava ao olhar seus olhos. Sinto falta da leveza, da alegria,
da felicidade só por estar deitada sob as estrelas ao lado de alguém que quero
pra vida inteira. Sinto falta da calma e da segurança, dos planos. Quero
realizar todos, todos! Quero uma vela numa pizza, quero uma música cantada a
dois, quero estrelas e uma lua cheia. Quero os melhores momentos da minha vida
inteira. Quero nossa casa, nossa vida. Quero tudo que merecemos por sermos
fortes o suficiente pra ficarmos juntos. Nós somos capazes disso, você sabe que
sim, mesmo que tudo pareça ruim agora. Se você olhar bem fundo, vai encontrar a
verdade. Que nos damos bem, que nos completamos. Que precisamos um do outro, e
nos entendemos porque somos iguais. Eu te amo, e isso precisa fazer diferença.
Temos o principal pra sermos felizes. Somos seres humanos, errados por
natureza. Só precisamos nos aceitar. É um esforço menor do que tentar aprender
a viver sem você.
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