quinta-feira, 18 de março de 2010

31 de julho de 2009

Entorpecida pelo seu cheiro ainda impregnado em suas roupas, seus objetos, até no meu próprio corpo, eu sinto essa dor lacinante rasgar meu peito inúmeras e repetidas vezes. Não há como explicar, nem mostrar, mas as marcas em meus braços provam o quanto isso dói. Como isso me está destruindo. Eu pensava já estar anestesiada pela dor, mas é surpreendente ver do que uma música é capaz. “Em algum lugar no tempo nós ainda estamos juntos; pra sempre, pra sempre ficaremos juntos.” Mexeu comigo desde a primeira vez em que a ouvi. Acho desnecessário explicar por quê. Cada fibra do meu corpo responde involuntariamente ao perceber que a história da música também é minha. Meus joelhos vacilam, minhas mãos gelam, minha visão se torna embaçada, e, finalmente, os fios de lágrimas põem-se a rolar em minhas faces. E inconscientemente eu passo a buscar algo, qualquer coisa que me preencha esse vazio. Mas eu não encontro. Busco todos os dias algo que eu sei que não encontrarei, mas essa busca tornou-se a base de meus dias. Buscá-lo, durante toda a noite, com as lágrimas inundando meus olhos, e perceber que seguir seus rastros não me levará mais até você. Seguir as fotos, e então as peças de roupa, e então os velhos presentes, e então seu cheiro, e então... nada. E, com o nada, visualizá-lo no sofá, sorrindo pra mim; ou encostado no portão, esperando-me para um abraço; ou na cozinha, fitando-me com olhos sorridentes. Atravesso o espaço que me distancia de você em cada uma de minhas visões, só para perceber que o amor me entregou ao delírio. Tê-lo em meus sonhos e acordar com a cama vazia, olhar constantemente o celular e não haver nenhuma chamada ou mensagem, ver a noite chegar e saber que não mais tocará a campainha. Ouvir as pessoas comentarem sobre sua morena de celta prata. A saudade está real e literalmente me consumindo por dentro, e acho que por fora também. Eu disse uma vez que não vivia sem você. Aliás, uma não; várias. E eu estava falando sério, em todas elas. Se for pra viver sem você, eu simplesmente não vivo. Não há por quê.

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