Em que momento da paixão começa o egoísmo? Depois que se está
apaixonado por alguém, quando é que se decide que se quer aquele alguém
exclusivamente pra você? É difícil pensar nas coisas dessa maneira, como se
houvesse um passo a passo, ou regras pré-estabelecidas a serem seguidas. É
claro que os moralistas estão aí de plantão pra jogar tudo na nossa cara: o
casamento, a monogamia, o celibato; a infelicidade em geral. Cada um faz sua
história, cada um faz suas regras do jogo. A cada nova combinação de duas pessoas,
o jogo é novo, raro e único em todo o universo. Talvez seja essa a beleza de
tudo, o constante desconhecido. Sequer conhecemos a nós mesmos completamente,
como poderíamos achar que já sabemos tudo do outro? É uma eterna surpresa.
Eterna angústia, talvez. A decepção, o não-correspondido, sejam sentimentos,
sejam expectativas. Em que momento se decide olhar pra outros corpos e não
sentir interesse por nenhum deles? E se não for uma escolha? Que seja o
destino, ou o acaso, em seu próprio tempo. Mas quando? E se... e se nunca
acontecer? E se a eterna surpresa se tornar nada mais que a eterna espera
daquele sentimento de unicidade; de ser o sol de alguém? A sensação de ser o
centro de gravidade daquela pessoa, como se o mundo dela dependesse de você;
não importa quão mais bonitas as outras sejam, seus defeitos o conquistaram. O
andar torto, as imperfeições físicas, a preguiça, a ansiedade, a liberdade, a
simpatia. Cada uma das peculiaridades que o fizeram levá-la aonde se visse toda
a cidade apenas para dizer que a amava, que não deveria ter medo. A crença, ou
a fé, sempre foi de que cada ser humano no mundo busca a perfeição. Não por
querer ser perfeito, mas para jamais deixar de evoluir. Liberdade, ok.
Compreensão, ok. Não ter expectativas, ok. Até mesmo o desapego, ok.
Paciência...? Essa daí foge de mim.
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