segunda-feira, 28 de abril de 2014

03 de maio de 2012

Era o sexto mês do ano. Fazia frio no interior, e o dia seguinte era o 12 de junho. Romantismo aflorado, flores e uma viagem sozinhos para um casebre de madeira num sítio. As preocupações e problemas ficaram na urbanização, e levamos conosco só o que fosse relaxante. Uma canção instrumental rolava solta e paciente enquanto decidíamos o que seria da noite. Seria especial, é claro, simplesmente por estarmos juntos ali. Fondue. Sentamo-nos em frente à lareira, à luz de seu fogo crepitante e de algumas poucas velas. A conversa foi toda feita por olhares e sorrisos. Depois de tanto tempo, palavras não se faziam mais necessárias. Os corações estavam sincronizados. Eu podia olhar seus olhos e enxergar sua alma. Ver toda a verdade que havia ali. Não havia só amor. Havia carinho, afeto, preocupação, cuidado, vontade, desejo. Tudo se misturava naquele beijo, que começou com a calma da música e foi ficando mais intenso à medida que nossas respirações pesavam. Não era errado, não era inadequado. Era quente e intenso, era certo. Era amor. Um olhar de pergunta, um olhar de aprovação, e o frio não existia mais ali. As roupas foram sumindo, devagar. Sempre devagar. Não há porque ser rápido, “quero te curtir o máximo possível”. Entre mim e o chão havia um tapete macio, mas entre eu e ele não havia nada. Só sentimento. Só dois corações e dois corpos que se queriam desesperadamente, hoje, e amanhã, e amanhã, e amanhã... fechei os olhos e o senti. Seu corpo se movia ritmado, ao passo da música. Seus olhos fechados, sua mão na minha, a boca entreaberta numa respiração profunda, e meu corpo em seu abraço. Era perfeito. Eu já não sabia onde eu começava ou ele terminava. Estávamos unidos, estávamos completos. Num suspiro, nossos corpos não eram mais um só. Deitou-se de lado, acarinhou-me e disse que me amava. De repente eu estava em seus braços, como se fosse uma noite de núpcias. “Vem cá, me deixa te levar pro quarto”, seguido de um beijo na testa. Deitou-me na cama vagarosamente, enquanto seu corpo ia também descendo sobre o meu. Eu podia sentir seu cheiro, seu gosto, sua pele quente; eu podia senti-lo dentro de mim. Era amor. Acima de tudo, não era desejo, era amor. Pra quê a pressa? Os corpos se moviam devagar, ao mesmo tempo, no mesmo ritmo, entre gemidos, declarações e respirações pesadas. Parecia surreal. Estávamos em êxtase. Nirvana. Os corpos desfaleceram, cansados, mas não satisfeitos. Nunca satisfeitos. Mas felizes. Almas em paz. Ali, houve a certeza de que sempre teríamos um ao outro. De que pertencíamos um ao outro, em alma, corpo e coração, ainda que nos estabelecessem uma distância física. Uma noite, e toda uma vida mudou. Um amor, e duas pessoas enfim se sentiram completas. Eram as pessoas certas um para o outro. Dariam a vida um pelo outro. “Esperei por você durante muito tempo pra te deixar ir embora assim.”.
E então eu acordei.

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