18 de julho de 2007

Todos podem duvidar do que escrevo agora, mas eu sou uma menina ingênua. Sim, eu sei, não pareço. Muitos até devem estar rindo agora, ao mesmo tempo em que balbuciam: "Que excelente humor para piadas! (risos)" Mas não, isso não foi uma piada. Eu sou sim uma menina ingênua. Na verdade, não sei se 'ingênua' seria o termo certo para o que sou. Pois vamos ao significado de 'ingênua' no dicionário: "Inocente, natural; sincera, sem malícia." É, talvez ingênua não seja a minha melhor descrição. Mas, então, como me descrever senão como ingênua? Para mim é difícil encarar a realidade. Eu disse difícil? Na verdade, é como se a realidade não existisse. É-me difícil crer que tudo, absolutamente tudo nos contos de fada é mentira. É quase impossível pra mim acreditar que, um dia, eu vou perder cada uma das pessoas que amo, uma a uma, causando-me a provável maior dor já sentida na vida. Ou não. Não entra na minha cabeça que as pessoas sofrem, tanto quanto ou até mais do que eu. Não me entra na mente que as pessoas morrem um dia. Para quê nascem então, se farão uma simples e rápida passagem pelo mundo, que durará um piscar de olhos? Para quê? Não faz sentido. A realidade simplesmente não faz sentido. Os contos de fada, a história da Bela Adormecida... é tudo perfeito. A realidade não. Sim, tem razão; nos contos de fada sempre há algum problema, algo pra complicar a vida da bela princesa. Mas no final do livro tudo acaba com um "...e viveram felizes para sempre." Na nossa vida não. Eu acreditava em amor eterno. Não só pra vida toda, mas também além dela, como em Romeu e Julieta, por exemplo. Só que me fizeram desacreditar nisso, para que eu encarasse a fria e dura realidade, onde casamentos se desfazem por simples brigas por dinheiro, ciúmes, parentes, bens materiais em geral. Preocupam-se demais com a vida dos outros e se esquecem de si mesmas. Esquecem-se do amor. Ria, pode rir de cada palavra escrita nesse texto. Chame-me de emo, descontrolada, careta, antiga, ingênua. Eu nem me abalo. É preferível que eu tenha 14 anos e ainda deseje viver um conto de fadas ou uma tragédia de Shakespeare do que se eu tivesse 7 anos e já tivesse consciência da inexistência do amor eterno, da morte de todos, do fim do mundo num dia que não sabemos se está próximo ou não. E eu particularmente prefiro continuar sem saber. Tenho náuseas só de saber que um dia não estarei mais aqui. E isso pode ser amanhã, depois de amanhã... Poderia ter sido hoje. Já citava Fernando Sabino em seu livro 'Encontro Marcado' (1956): "Nascemos para morrer." Mesmo que a frase seja um tanto insensível, não deixa de ser verídica. E triste. Afinal, é real. Não, não estou criticando a realidade. Estou apenas criticando as pessoas que vivem nela. Isso, agora chame-me de louca. Mas eu não sou louca, sou uma menina de 14 anos e 5 dias [sim, 5 e não 4, porque já passa da meia-noite] em sã consciência que está nesse exato momento criticando as pessoas que vivem na realidade. Pessoas que não têm um pingo de fantasia correndo nas veias. Pessoas que quererm explicar absolutamente tudo através da ciência. Pessoas que têm repúdio às histórias que se iniciam com "Era uma vez..." Pessoas que cedo demais foram obrigadas a desacreditar em Alice no País das Maravilhas ou no Robin Hood. O mundo seria, como toda a certeza, muito melhor do que é hoje se tivesse um toque de fantasia. Um toque de ingenuidade. Pense um pouco nisso, você pode sim mudar o mundo. Só precisa de duas coisas: mágica e querer. Principalmente querer. "Querer é poder." E não sei o nome do autor. Bem, eu fico por aqui. A tinta da caneta tá acabando, a folha já está no fim e eu estou com sono, com a mão cansada e o cabelo horrível. Boa noite.

Ah,e como disse o Capitão Barbossa já no final do filme 'Piratas do Caribe - No Fim Do Mundo': "A morte é um dia que vale a pena ser vivido." Pronto, agora juro que acabei.